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Os Canibais — Álvaro do Carvalhal

Os Canibais - Capa 2

— De que servem, continua ela, de que servem certos enigmas, que inventa quando me fala, como se quisesse martirizar-me? Depende de mim a sua felicidade? Venha recebê-la, que é toda sua. Não imagine então distâncias, nem dificuldades, que eu tenho coragem para me mostrar ao clarão dessas luzes, em frente de quantos aí têm lábios para o sarcasmo, ainda que o rubor haja de me queimar as faces, para dizer — aqui me tem, pertenço-lhe.
 
— Impossível.
 
— Impossível!
 
— O cego adivinha as maravilhas da natureza e adora-as, mas sem poder contemplá las. Eu sou como o cego, Margarida; adoro-a, sem poder mais nada.
 
— Quer matar-me?
 
— Quero-lhe muito para a deixar numa vida de quimeras.
 
— Então que quimeras são?… Fale. Não vê que estou aflita?
 
— Resume-se tudo numa palavra, que teria a gravidade da situação, se não fosse consagrada pelo abuso ao desenlace de colisões romanescas. Essa palavra é…
 
— Diga-a.
 
— Mistério.

Título: Os Canibais
Autor: Álvaro do Carvalhal
Data Original de Publicação: 1868
Data de Publicação do eBook: 2014
Capa: Ana Ferreira
Imagem da Capa: Das Ballsouper, de Adolph Menzel
Introdução: Maria Cristina Batalha
Revisão: Ricardo Lourenço, Marisa Vinagre e Miriam Santos
ISBN: 978-989-8698-18-6

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