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[#VozesFemininas] Cláudia de Campos (1859-1916)

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Natural de Sines, Maria Cláudia de Campos Matos (1859-1916) nasceu numa família rica que lhe proporcionou uma educação esmerada. Casou aos 16 anos com Joaquim d’Ornelas e Matos, do qual teve dois filhos. O matrimónio durou apenas até 1888, ano em que o casal se separou judicialmente. Após a separação, em especial na última década do séc. XIX, Cláudia de Campos dedicou-se à actividade literária, adoptando os pseudónimos Colette e Carmen Silva. O seu primeiro livro — a colectânea de contos Rindo… — saiu do prelo em 1892. Dentre as suas publicações, destacam-se ainda Mulheres: Ensaios de Psicologia Feminina (1895), onde a escritora analisa figuras de renome como Charlotte Brontë e Hester Lucy Stanhope, e Ele (1899), um roman à clef que causou polémica na sociedade sineense.

Já no início do séc. XX, Cláudia de Campos envolveu-se no associativismo feminista. Em 1906, fez parte da Direcção da Secção Feminista da Liga Portuguesa da Paz; ainda no mesmo ano, foi eleita Vogal do Comité Português da associação francesa La Paix et le Désarmement par les Femmes. Faleceu em Lisboa, com 57 anos, praticamente esquecida.

Em «Marta Sandomil», texto seleccionado para a nossa antologia Vozes Femininas, sobressai a forma premeditada como a autora, tanto através de passagens descritivas como pelo discurso directo, vai revelando indícios que permitem antecipar o desfecho do enredo. No entanto, o que torna «Marta Sandomil» num dos contos mais bem conseguidos de Cláudia de Campos é, acima de tudo, o espírito crítico demonstrado no tratamento de um tema bastante vulgar — o adultério —, a busca pela compreensão das acções dos personagens ao invés da abordagem simplista tão recorrente nos textos da época: a da condenação moral.

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