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«Porquê Ler os Clássicos?» – Entrevista a Pedro Vieira

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Porque Ler os Clássicos

Porquê ler os clássicos da literatura portuguesa?
Os clássicos fazem parte da nossa identidade e como tal é natural que os comamos ao pequeno-almoço, como o pão alentejano torrado e a manteiga dos Açores. Servem para nos conhecermos melhor e para criarmos sobre eles, mesmo que a intenção seja destruí-los. Metaforicamente, claro.

A definição de clássico está longe de ser consensual. Afinal, o que torna uma obra literária um clássico?
Há um critério fundamental: a resiliência, a resistência ao passar do tempo. Ah, mais uma. A forma como um determinado livro marca a língua portuguesa, a forma como a lemos, a forma como a escrevemos, o imaginário de que já não podemos prescindir. Do Ramalhete ao Convento de Mafra.

Eça e Pessoa continuam a ser bastante lidos, mas nem todos tiveram tal sorte. Que autor português considera que foi imerecidamente votado ao esquecimento?
Dentro do (pouco) que conheço, voto no Nuno Bragança. Agora a questão é saber se alguma vez foi sequer notado (lembrado?).

«Prognósticos só no final do jogo», mas que obra contemporânea lhe parece capaz de vencer o teste do tempo e vir a integrar o cânone literário português?
Diria que “o remorso de baltazar serapião” do Valter Hugo Mãe é um forte candidato, embora eu até prefira, do mesmo autor, “o nosso reino”. Mas isso sou eu, que prefiro quase sempre os underdogs (pode-se escrever isto num contexto de língua e literatura portuguesas?).

O mercado do livro digital começa agora a desenvolver-se no nosso país. Vê este novo formato como uma oportunidade, ou como uma ameaça à literatura tal como a conhecemos?
Se calhar nem uma coisa nem outra, para já vejo-o com indiferença. Ameaça julgo que nunca será, estou convencido de que o papel e o digital hão-de conviver alegremente. Se será uma oportunidade não estou certo, os gestores e homens de negócios do sector do livreiro saberão melhor do que eu.

Pedro Vieira nasceu em Lisboa, em 1975, cidade onde reside. Licenciado em Publicidade e Marketing pela Escola Superior de Comunicação Social, trabalha no Canal Q das Produções Fictícias como criativo, tendo sido um dos responsáveis pelo programa Ah, a Literatura!. Atualmente apresenta o programa diário Inferno. Passou pelo grupo Almedina, pela Bulhosa Livreiros e pelo Centro Cultural Olga Cadaval, enquanto livreiro. Fez formação adicional na área da Ilustração, que exerce em regime freelancer, em cursos promovidos pela Ar.Co e pela Fundação Calouste Gulbenkian.
 
É ilustrador residente da revista LER. Trabalha com regularidade no meio editorial e fez trabalhos de ilustração para a Booktailors, Quetzal Editores, Guerra & Paz, Almedina ou Sextante Editora. Estreou-se na ficção com «Última Paragem: Massamá», com o qual venceu o prémio P.E.N. Clube Português para Primeira Obra publicada em 2011. Em 2012 foi publicado «Éramos Felizes e Não Sabíamos» (Quetzal Editores), uma compilação de crónicas. Bloguista indefetível, é o criador do irmãolúcia.

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