Avançar para o conteúdo

Poesias Dispersas — Guerra Junqueiro

Poesias Dispersas - Capa

Que durmam, muito embora, os pálidos amantes,
Que andaram contemplando a lua branca e fria…
Levantai-vos, heróis, e despertai, gigantes!
Já canta pelo azul sereno a cotovia
E já rasga o arado as terras fumegantes…
 
Entra-nos pelo peito em borbotões joviais
Este sangue de luz que a madrugada entorna!
Poetas, que somos nós? Ferreiros d’arsenais;
É bater, é bater com alma na bigorna
As estrofes de bronze, as lanças e os punhais!
 
Acendei a fornalha enorme — a Inspiração.
Dai-lhe lenha, — A Verdade, a Justiça, o Direito —
E harmonia e pureza, e febre, e indignação;
E pra que a lavareda irrompa, abri o peito
E atirai ao braseiro, ardendo, o coração!
 
Há-de-nos devorar, talvez, o incêndio; embora!
O poeta é como o sol: o fogo que ele encerra
É quem espalha a luz nessa amplidão sonora…
Queimemo-nos a nós, iluminando a terra!
Somos lava, e a lava é quem produz a aurora!

Título: Poesias Dispersas
Autor: Guerra Junqueiro
Data Original de Publicação: 1920
Data Publicação eBook: 2014
Capa: Ana Ferreira
Imagem da Capa: Knight, Death and the Devil, de Albrecht Dürer
Revisão: Ricardo Barradas e Ricardo Lourenço
ISBN: 978-989-8698-15-5

Etiquetas:

Comentários

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.