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Guerras do Alecrim e Manjerona — António José da Silva

D. LANCEROTE
 
Sobrinho, não estranheis este excesso de minha sobrinha; porque haveis de saber que há nesta terra dous ranchos, um do alecrim, outro da manjerona, e fazem tais excessos por estas duas plantas, que se matarão umas às outras.
 
D. TIBÚRCIO
 
E vossa mercê consente que minhas primas sigam essas parcialidades?
 
D. LANCEROTE
 
Não vedes que é moda e, como não custa dinheiro, bem se pode permitir?
 
D. TIBÚRCIO
 
Bem sei que isso são verduras da mocidade, mas contudo não aprovo.
 
D. LANCEROTE
 
E a razão?
 
D. TIBÚRCIO
 
Não sei.
 
D. CLÓRIS
 
Vossa mercê, como vem, com os abusos do monte, por isso estranha os estilos da Corte.
 
D. NISE
 
Calai-vos, mana, que ele há-de ser o maior apaixonado que há-de ter o alecrim e a manjerona.
 
D. TIBÚRCIO
 
Se eu enlouquecer, não duvido.

Título: Guerras do Alecrim e Manjerona
Autor: António José da Silva
Data Original de Publicação: 1744 (peça originalmente representada no Teatro do Bairro Alto de Lisboa, no Carnaval de 1737
Data de Publicação do eBook: 2020
Imagem da Capa: The Courtesan and the Old Man, de Lucas Cranach der Ältere
Revisão: Cláudia Amorim e Ricardo Lourenço
ISBN: 978-989-8698-64-3
Texto-Fonte: Teatro Cómico Português. Lisboa: Régia Oficina Silviana, 1747.

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